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Novidades do Grupo

Infecções do Sítio Cirúrgico e o Índice NNISS

Grupo IAG Saúde
30/01/2013

Por Dr. Renato Couto, Diretor do Grupo IAG Saúde.

 

De todas as infecções nosocomiais relatadas entre 1986 e 1996 pelos hospitais do National Nosocomial Infection Surveillance System (NNISS), as Infecções de Sítio Cirúrgico (ISC) foram a segunda causa mais frequente após a infecção, causando aproximadamente 17% de todas as infecções adquiridas no hospital.
O relatório “Os custos médicos-assistenciais diretos das infecções relacionadas à assistência nos EUA e os benefícios da prevenção”, publicado em 2009 e coordenado pelo economista R. Douglas Scott II, utilizou os resultados da literatura médica e econômica para fornecer uma gama de estimativas para o custo hospitalar direto anual referente ao tratamento de infecções relacionadas à assistência (IRA), nos Estados Unidos. Foram utilizados dois Índices de Preços ao Consumidor (IPC) para o ajuste da inflação nos preços dos recursos hospitalares. O valor anual total dos custos hospitalares diretos para o tratamento de IRA nos EUA foi de 45 bilhões (em ajustes de IPC em dólares de 2007).


Após ajuste para a faixa de eficácia das possíveis intervenções de controle das infecções, os benefícios da prevenção variaram entre 5,7 e 6,8 bilhões (considerando 20% de infecções evitáveis) e entre 25 e 31,5 bilhões considerando 70% de infecções evitáveis. As estimativas de redução entre 5,7 e 6,8 bilhões de dólares por ano ​​são comparáveis ​​aos custos de acidente vascular cerebral (6,7 bilhões), diabetes mellitus com complicações (4,5 bilhões), e doença pulmonar obstrutiva crônica (4,2 bilhões).


Embora no Brasil levantamentos epidemiológicos em grande escala das infecções nosocomiais nos pacientes cirúrgicos tenham sido escassos, a situação parece ser similar ao referido na literatura internacional.


Calcula-se que, em média, as ISC prolonguem o período de internação hospitalar do paciente em 7 a 10 dias. O impacto econômico é de U$S 3.089,00. O risco de morte é aproximadamente o dobro nos pacientes que desenvolvem uma ISC. Na publicação de 2009, o Center for Disease Control and Privation (CDC) estima que nos EUA ocorram 1.737.125 episódios de IRA ao ano, sendo 290.485 ISC, com custo atribuível de 10,443 a 25,546 mil dólares por episódio (3 a 7,4 bilhões ao ano).


As principais medidas preventivas são: a correta esterilização dos instrumentais a serem usados na cirurgia, as medidas de cuidado ambiental na sala cirúrgica e a adequada antissepssia de mãos e do campo operatório, aliados a uma técnica cirúrgica correta.


Desde 1985 encontra-se estabelecido que relatar periodicamente ao cirurgião o seu índice de infecção é uma das principais técnicas para diminuir este problema. Ação simples e de alto impacto.


No relato das taxas o cirurgião pode alegar que seus índices, se elevados, devem-se à gravidade do tipo de paciente operado. Para corrigir esta distorção foi criado o índice NNISS, que mede o risco de ISC – que varia de 0 a 3 – utilizando as seguintes variáveis de risco:

 

  • Classificação do estado físico do paciente segundo o escore da American Society of Anesthesiologists (ASA) > 3, prévio à cirurgia.
  • Duração da operação superior a T horas, onde T é o percentil 75 da duração do procedimento cirúrgico considerado.
  • Classificação do sítio cirúrgico em contaminado ou infectado, uma vez terminada a cirurgia.

 

Este índice vem sendo usado em todo mundo desde 1991 no esforço de reduzir as ISC.

 

 

ESTUDO BRASILEIRO COMPROVA DEFICIÊNCIA DO ÍNDICE NNISS

O grupo de pesquisa coordenado pelos médicos Renato Camargos Couto e Tania Moreira Grillo Pedrosa tem trabalhado com este problema nos últimos 20 anos, produzindo inúmeras publicações. Recentemente publicamos, como resultado de orientação do trabalho de doutorado do Dr. Fernando Martín Biscione, o artigo Performance, Revision, and Extension of the National Nosocomial Infections Surveillance System’s Risk Index in Brazilian Hospitals: Fernando Martín Biscione, Renato Camargos Couto, Tânia M. G. Pedrosa – Infection Control and Hospital Epidemiology, Vol. 33, No. 2 (February 2012), pp. 124-134, no qual avaliamos a capacidade do índice NNISS de medir o risco de infecção cirúrgica.


Usamos nossa base de dados que hoje já conta com 269.000 pacientes operados no Brasil e que são acompanhados por nossos serviços. Esses pacientes foram acompanhados dentro dos hospitais e em seus domicílios por meio de contato telefônico, sendo entrevistados quanto à presença ou ausência de sinais e sintomas sugestivos de ISC – de acordo com a metodologia NNISS e com o preconizado pela legislação brasileira. Este contato pós-alta é fator fundamental, pois mais de 80% das ISC se manifestam no domicílio. O êxito do contato pós-alta foi de 56% dos pacientes.


Selecionamos 4 procedimentos e fizemos nossa avaliação. Para nossa surpresa, o índice NNISS revelou incapacidade de medir o risco. Em vista deste achado desenvolvemos um novo índice de risco que obteve um desempenho superior ao índice americano. Este novo índice prova que sem controle pós-alta a medida de ocorrência de infecção fica muito deficiente. É necessário mudar o índice NNISS.


Simultaneamente à nossa publicação, o Centro de Controle de Doenças do Governo Americano (CDC)1 veio a público reconhecer a deficiência de seu índice.

 

Para os interessados em aprofundar os conhecimentos sobre este tema, leiam nossos trabalhos científicos na área, em Publicações Científicas - materiais disponíveis no site do Grupo IAG Saúde.

 

1Referência: Yi Mu, Jonathan R. Edwards, Teresa C. Horan, Sandra I. Berrios-Torres, Scott K. Fridkin. Improving Risk-Adjusted Measures of Surgical Site Infection for the National Healthcare. Safety Network. Infection Control and Hospital Epidemiology, Vol. 32, No. 10 (October 2011), pp. 970-986.

 

 

Créditos da Imagem Destacada: Surgery - imagem criada por raw.pixel.com - disponível em br.freepik.com.

Médico foto criado por rawpixel.com - br.freepik.com