Cuidados primários de saúde, transferências condicionais de dinheiro e pensões sociais preveniram 1,4 milhão de mortes de todas as idades no Brasil nos últimos vinte anos, de acordo com um estudo coordenado pelo Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal). Se expandidos, esses programas poderiam evitar um adicional de 1,3 milhão de mortes e 6,6 milhões de hospitalizações até 2030. A pandemia de COVID-19 exacerbou a pobreza e as desigualdades sociais mundialmente, especialmente em países de baixa e média renda. Além disso, as consequências econômicas da guerra contínua na Ucrânia e a inflação crescente devem empurrar ainda mais pessoas para a pobreza nos próximos anos. Isso é o que chamamos de policrise: múltiplas crises interagindo de tal maneira que seu impacto combinado é maior que a soma das partes. Em termos de saúde pública, o agravamento das condições socioeconômicas significa taxas mais altas de doenças e mortes, especialmente entre as pessoas mais vulneráveis em países de baixa e média renda. Mas programas sociais podem mitigar as consequências de saúde das crises econômicas. O Brasil liderou uma das maiores expansões do estado de bem-estar social nas últimas duas décadas, implementando um sistema universal de saúde pública, juntamente com programas de transferência de dinheiro condicional (Programa Bolsa Família) para as famílias mais pobres e pensões sociais (Benefício de Prestação Continuada) para idosos e deficientes. Reduções em hospitalizações e mortes Neste estudo, o pesquisador do ISGlobal, Davide Rasella, e sua equipe avaliaram o efeito combinado desses três programas (transferências de dinheiro condicional, pensões sociais e cuidados primários de saúde) sobre hospitalizações e mortes ao longo de quase duas décadas (de 2004 a 2019). O artigo, "Taxas de Mortalidade e Hospitalização Atuais e Projetadas Associadas a Transferências Condicionais de Dinheiro, Pensão Social e Programas de Cuidados Primários de Saúde no Brasil, 2000-2030", foi publicado na JAMA Network Open. Usando dados de 2.548 municípios brasileiros, o estudo mostrou que uma alta cobertura dos três programas levou a reduções nas taxas gerais de hospitalização e mortalidade, particularmente entre crianças menores de cinco anos e adultos acima de 70. Um total de 1,46 milhão de mortes foram evitadas entre 2004 e 2019. A equipe de pesquisa então usou métodos de previsão para mostrar que a extensão dos programas aos novos pobres e vulneráveis poderia evitar até 1,3 milhão de mortes adicionais até 2030. Fonte: Leia o estudo na íntegra em Jama Network. _____________________________________________________________ Créditos da Imagem Destacada: Imagem criada por Freepik - disponível em br.freepik.com. Esta publicação em nada reflete a opinião ou conhecimento pessoal da Presidência, da Diretoria ou da equipe do Grupo IAG Saúde, tendo caráter unicamente informativo e não sendo utilizada para fins comerciais. Freepik - Freepik.com